sábado, 28 de abril de 2018

Parabéns Mirim - 162 anos



Um salve para o Distrito de Mirim que hoje, 28 de abril, comemora seus 162 anos de história.

O blog vai contar um pouco da história deste lugar tão especial para os mirinenses. Vamos desvendar as memórias e tradição deste pedacinho de lugar.

Os fatos abaixo foram extraídos do livro: 
                Imbituba História e Desenvolvimento
     Autor: Manoel de Oliveira Martins
                Escritor, jornalista, e radialista.

SANT’ANA DO MIRIM

Já dissemos que a colonização de Sant’Ana do Mirim ocorreu paralelamente à povoação de Vila Nova, recebendo primeiro, a colonização vicentista e posteriormente, os açorianos. Acreditamos que a piscosidade da Lagoa de Sant’Ana do Mirim foi uma das causas da rápida povoação do lugar.

O Distrito de Mirim está localizado em plena BR-101, às margens da grande Lagoa do mesmo nome. A praça assinala o autêntico estilo colonial. Casas bem alinhadas, circundando a praça. Nesta, frondosa figueira e um monumento em homenagem ao imigrante.

Um majestoso templo guarda, em sua arquitetura colonial, uma lembrança dos antepassados mirinenses que tanto lutaram pelo desenvolvimento da região.

Em Mirim, está instalado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, com quase mil associados. A criação da entidade foi uma das tantas lutas do vereador Jair Cardoso, expoente político da região, desde longos anos. A criação da Escola Básica, instalação de energia elétrica, em 1958, construção do Posto de Saúde, instalação do posto dos Correios e Telégrafos, Posto Telefônico, representam o dinamismo, espírito de luta e o prestígio do vereador Jair Cardoso, autêntico batalhador pelas nobres causas de sua terra.

Da mesma forma que Vila Nova, em Mirim impera a tradição da Festa do Divino Espírito Santo, com as mesmas atrações. Celebram também as solenidades de Corpo de Deus e Senhora Sant’Ana – sua excelsa padroeira.



FATOS HISTÓRICOS E PITORESCOS DE MIRIM

Segundo os arquivos dos irmãos Jairo e Jair Cardoso, filhos de tradicional família mirinense e estudiosos do assunto, Mirim teve em Elias de Morais e Francisco Inácio Rachadel, além de outros, dois elementos de valor na fundação da freguesia de Mirim. Mais tarde, surgiram novas figuras que também se destacaram na vida da freguesia, e que se constituíram em políticos de grande prestígio. Dentre outros, Coronel Clemente José da Silva Pacheco, o expoente máximo da política mirinense, Bernardo José de Souza Guimarães, principal rival do Coronel Clemente José da Silva Pacheco. Coronel Clemente defendia galhardamente o Partido Liberal, enquanto Bernardo Guimarães era autêntico adepto do Partido Conservador, Joaquim Maria Soares e Antônio Martins, este avô de Ney Jesuíno da Rosa, filho de Mirim, ex-Prefeito de Criciúma e ex-Secretário da Indústria e Comércio de Santa Catarina, e  o ex-Deputado Sebastião Neto Campos.

Para testemunharmos a acirrada luta que havia entre os “liberais” e os “conservadores”, vamos à narrativa de um fato pitoresco:

Leopoldo Guimarães, conservador autêntico, um dia estava na pracinha de Mirim, quando alguém sussurrou ao pé do ouvido: “te escapa que a turma do Coronel Clemente vem te pegar”. Leopoldo não contou tempo. Armou-se com uma garrucha, na base da pólvora, correu para casa, (demolida há poucos meses e ficava próximo à residência do Sr. Laudelino de Oliveira) subiu ao sótão e ficou aguardando a chegada dos homens do Coronel Clemente. Poucos minutos se passaram, quando Leopoldo viu os seus adversários entrarem numa pequena casa comercial que ficava quase em frente à sua residência. Furtivamente, desceu as escadas, saiu pela porta dos fundos e correu para o porto, na Lagoa do Mirim. Lá chegando, avistou um homem de cor, ordenando-lhe: “Vamos dar o fora. Rema com força para fora”.  – “Não posso sinhô, to esperando meu patrão que foi fazer compras”. Leopoldo puxou sua garrucha: “Ou rema já ou morre”.
O preto velho, mais que depressa embarcou e começou a remar, suando por todos os poros. Leopoldo tomou a direção do Rio D’uma, escondendo-se em casa de amigos por muito tempo.

Nem todos sabem que Mirim, nos primórdios de sua colonização possuía duas empresas: “Guimarães e Filhos” e “Clemente Pacheco”, as quais mantinham linhas de barcos, de Mirim ao Rio de Janeiro. Exportavam os produtos da região e traziam mercadorias para abastecerem o comércio de Mirim, Vila Nova e Imbituba.


ESCOLA, ESPORTE E RELIGIÃO

A primeira escola de Mirim foi fundada em 1785. Hoje, Mirim dispõe de uma escola Básica, que leva o nome do Professor Marcílio Dias San Thiago, funcionando em prédio próprio, inaugurado pelo governador Ivo Silveira.

O primeiro quadro de futebol fundado na localidade, foi o Mirim Futebol Clube. Em 1925, reuniram-se Jovino Martins, José da Silva, Divo Pereira Martins e Antônio Teixeira Dias com a finalidade de fundarem uma equipe de futebol. Depois de troca de ideias, resolveram que o time chamar-se-ia Mirim Futebol Clube. Com o tempo, o Mirim F. C. desapareceu, mas vieram outros: Cruzeiro Futebol Clube, Vanguarda Futebol Clube, Esporte Clube Brasil e, finalmente, o União Futebol Clube, fundado pelo vereador Jair Cardoso, que cedeu o próprio terreno para a construção do campo, em 1949. O União se constituiu sempre numa poderosa força no futebol amador do município. Bons jogadores envergaram a camisa colorada: Jair, Chapica, Tesoura, Pedro Paulo, Alcy, Nengui, Edevarde, Paulo Roberto e outros. O União possui agora novo estádio, inaugurado em 1974, quando jogou amistosamente com o Figueirense da Capital.

Poucos sabem que Mirim já possuiu uma boa equipe de basquetebol feminino. Foi fundada por Ruth Martins, filha do Coronel José Fernandes Martins, que na época possuía uma fecularia em Mirim. O Coronel José Fernandes Martins foi, inclusive, Prefeito Municipal de Laguna. A quadra estava situada num pequeno gramado, próximo à Igreja.

A religião marcou época na história do município, como até hoje se destaca pelas tradições de suas festas.
A Paróquia de Mirim foi criada no ano de 1856, sendo seu primeiro Vigário, o Padre Amândio Antônio Marques, no período de 17 de novembro de 1855 a 03 de setembro de 1856.
O altar-mor da Igreja de Sant’Ana do Mirim é uma obra de arte colonial. Foi construído em Braço do Norte, em 1918, sendo vigário, o Cônego César Rossi.
Até 15 de novembro de 1956, a sede do município de Imbituba pertencia à Paróquia de Mirim, cujo vigário era o Padre Paulo Hobold. O Padre Dr. Itamar Luiz da Costa, quando veio de Imaruí para Imbituba, em 1956, ocupou o cargo de Vigário de Mirim.

A vida religiosa de Mirim e Vila Nova constitui-se, na época de sua colonização, num ponto de destaque no sul do estado. Suas festividades tradicionais atraiam fiéis de toda a região sul.

Pela Paróquia de Mirim, criada em 1856, passaram os seguintes vigários, pela ordem cronológica:

Padre Joaquim José dos Santos, de 1º de abril de 1855 a 28 de agosto de 1855.
Padre Amândio de Jesus Soares, de 28 de dezembro de 1856 a 1º de novembro 1858.
Padre Francisco de A. Gomes, de 07 de janeiro de 1866 a 28 de janeiro de 1867.
Padre Pedro Gonçalves Teixeira Lopes, de 15 de março de 1868 a 18 de agosto de 1898. Este era natural de Vila Nova.
Padre Francisco Bertero, de 03 de fevereiro de 1904 a 19 de agosto de 1909.
Padre Inácio de tal, Padre Ludovico Cócolo, Padre e Doutor Jacob Hudleston Slater, Padre Guilherme da Silva, Padre João Antônio Fidalgo, jornalista e poeta, por vocação.
Cônego César Rossi, natural da Itália. Nasceu em 09 de janeiro de 1879. Ordenou-se sacerdote em Roma, em 19 de dezembro de 1903. Veio para o Brasil, onde chegou a Florianópolis em 1908. Foi vigário de Mirim, Vila Nova e Garopaba, de 1918 a 1945. Faleceu em Laguna, em 11 de março de 1953.
Padre Carlos Emendoerffer, Padre Ludgero Locks, Padre Paulo Hobold.
Padre Itamar Luiz da Costa, falecido em 03 de abril de 1970, às 8h30min, na sacristia da Matriz de imbituba, vítima de infarto do miocárdio.
Padre Wendelino Schlickmann.

Mirim teve o privilégio de receber a visita do primeiro Bispo de Curitiba, Dom José de Camargo Barros, no ano de 1895. O Bispado de Curitiba jurisdicionava todo o Estado de Santa Catarina. O povo de Mirim e Vila Nova recebeu Dom José de Camargo, com grande festa.


CRIAÇÃO DA FREGUESIA DE MIRIM

A freguesia de Mirim foi criada em 28 de abril de 1856, pela Resolução Nº 413 e que transcrevemos na íntegra:
                                                                                 
              “Província de Santa Catarina
               Resolução Nº 431, de 28/04/1856
               João José Coutinho, Presidente da Província de Santa Catarina.

              Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembleia Legislativa Provincial decretou e eu sanciono a resolução seguinte:

          Art. 1º - No districto da Freguezia do Merim, denominado Vila Nova, fica creada uma freguezia com a invocação de Santa Anna.

             Art 2º - A nova freguezia terá por divisas, ao sul as mesmas que dividirão a de Santo Antônio da Laguna com a do Merim e pelo norte, a extrema do sul do sítio do Capitão José Silveira Borges, começando na praia do Mar Manso e seguindo por aquela extrema acima até a vertente do Morro de Vila Nova, continuando ao norte pela mesma vertente e a das ribanceiras até a Lagoa de Biraquera indo pela margem de leste d”esta Lagoa até intestar com o limite sul da Freguezia de São Joaquim de Garopaba, ficando pertencendo à referida freguezia de Vila Nova todos os moradores que morão a leste da lagoa e vertentes acima mencionadas, bem como os moradores ao sul da fazenda, que pertenceu ao dito finado Capitão Borges.

            Art 3º - Ficão revogadas as disposições em contrário. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida resolução pertencer, que a cumprão e facão cumprir tão inteiramente como nela se contem.

           O Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Governo da Província de Santa Catarina aos vinte e oito dias do mez de Abril de mil oitocentos e cincoenta e seis, trigéssimo quinto da independência e o Império.

                                      Ass. João José Coutinho

          Nesta Secretaria do Governo da Província de Santa Catharina, foi sellada e publicada a presente resolução aos 28 dias do mez de abril de 1856.

                                      Ass. Manoel da Costa Pereira

         Registrada a fls. 147 v. do livro 4º de Leis Provinciais. Secretaria do Governo de Santa Catharina, 28 de Abril de 1856.

                                      Ass. José Caetano Cardoso”.

           Observamos que a cópia foi extraída com a mesma ortografia da época.


O Distrito de Mirim, desde sua colonização teve sempre acentuada vivencia política. No passado, Coronel Clemente José da Silva Pacheco e Bernardo José de Souza Guimarães. Posteriormente, outros nomes se destacaram. Nery Jesuíno da Rosa, foi um dos melhores prefeitos que Criciúma teve. César Nascimento, Deputado Federal. Em 1945 surgiu um novo político no Distrito e que, desde aquela data, vem trabalhando arduamente pelo progresso da sua comuna. Chama-se Jair Cardoso, filho de Manoel Felipe Cardoso, um dos próceres influentes no desenvolvimento da antiga Freguesia de Santa Anna.

Jair Cardoso elegeu-se vereador em 1955, quando Imbituba era distrito de Laguna. Reeleito em 1958, no ano da emancipação do município. Reelegeu-se em 1962, testemunhando o seu prestígio junto ao povo da região, desde Mirim até Araçatuba. Foi um dos fundadores do Sindicato Rural de Imbituba, tomando todas as iniciativas necessárias para a fundação da entidade que muito veio beneficiar os trabalhadores rurais do município.

Após um período de descanso de 1967 a 1972, deixando de candidatar-se por se sentir atarefado com problemas particulares, voltou a concorrer, no pleito de 15 de novembro de 1972, elegendo-se com boa margem de sufrágios.


Fotos atual do Mirim