sábado, 1 de outubro de 2011

Dona Idovilta

A artesã Idovilta Benta de Jesus Machado, filha de João Vicente Salvador e de Benta Maria de Jesus, natural de Forquilhinha, distrito de Mirim, Imbituba, Santa Catarina, e residia na Praça Jair Cardoso, em Mirim. Nasceu no dia 13 de novembro de 1921 e faleceu no dia 4 de julho de 2008. Desde sua infância, auxiliava a avó e a mãe a confeccionar chapéus de palha, com quem ela aprendeu a arte da confecção de chapéu.

Participava de todo o processo, desde a colheita da palha de butiá retirada do butiazeiro (palmeira nativa existente na região), até a montagem final do chapéu. Depois da colheita ela secava, preparava os molhos, estalava a palha (separava o talo e a beirada da palha), selecionando o molho (feixe, gavela) para seu preparo à confecção das tranças, costura e a montagem final do chapéu.

Tinha muito cuidado no preparo da palha. Com carinho e muita dedicação não deixava que caísse um pingo d’água na palha depois da colheita, pois o mesmo tinha que ser colhido com tempo bom, para não alterar a qualidade do produto. Tudo tinha que ser perfeito e bonito para contentamento do cliente.

Além desse artesanato, também aprendeu outros trabalhos manuais como: colchas de retalhos e de fuxicos, artesanato de palha de milho e esteira de junco (piri). Todo esse trabalho sempre teve a finalidade de contribuir para a subsistência da família. Coisa que fazia com muito carinho e bom gosto.

Dona Idovilta foi casada com Patrício João Machado, filho de João Machado Cardoso e de Militana Ana da Conceição, natural desse distrito. Nasceu no dia 15 de novembro de 1915 e faleceu no dia 16 de novembro de 1991. O casal teve seis filhos.

Patrício trabalhava como pescador, pescava na lagoa Mirim, com tarrafa e rede por ele confeccionada e fazia parte das Emendas (Sociedade dos Pescadores de Mirim). O pescado servia como alimento para o sustento da família. Em dias que a pesca era farta, parte da pescaria era vendida, para a compra de outros produtos.

Seu Patrício, como o chamavam, também trabalhava na lavoura, pois todo pescador era lavrador, porque eles tinham que produzir para a subsistência da família. Na lavoura plantava: mandioca para a produção de farinha, beiju, cuscuz, polvilho e outros derivados. Plantava também feijão, milho, amendoim, batata doce, aipim, cará da terra, etc.

Podemos dizer que, não somente, a Dona Idovilta era artesã, porque o Seu Patrício também tinha as suas habilidades com artesanato: Confeccionava balaios de cipó e taquara, ceva (cerca usada no carro de boi preso pelo fueiro – varão encaixado no carro) para amparar a carga. Tinha também a arte de modelar o chumbo derretido para as redes e tarrafas. Derretia-o num caldeirão de ferro, pré-aquecido, sobre brasas, que derretido e com o auxílio de uma concha derramava a composição em caninhos, assim formava o chumbo. 

A cortiça usada na rede era preparada artesanalmente. Cortava da corticeira, planta nativa dos mangues, na costa da lagoa de Mirim, moldava com uma faca e furava com um espeto de ferro aquecido em brasa para ali passar a fieira.

Durante as Festas Açorianas no Estado, em que Mirim esteve presente no estande cultural de Imbituba, os trabalhos de Dona Idovilta estavam sempre enriquecendo o espaço. Dona Idovilta,  muito fervorosa e dedicada às coisas da comunidade, nunca negou seus préstimos sempre que necessitado. Durante as festividades religiosas e culturais seus trabalhos estavam à mostra para dar adorno aos espaços apresentados.

Pessoas que merecem nosso respeito e consideração. Pessoas humildes que contribuíram muito com a história, que tem um valor cultural nato.












5 comentários:

  1. Muito legal isso, que saudades....to.chorando até agora...minha mãe faz parte, dalle dona fátima machado....

    ResponderExcluir
  2. Que saudades dos meus avós...amo amo d+....

    ResponderExcluir
  3. Renato.

    Minha vó era e ainda é um exemplo! Que saudade da alegria e da energia dela!

    Obrigado por tudo vó.
    EU TE AMO!

    ResponderExcluir