sábado, 5 de novembro de 2011

Laudelino, líder político e comunitário

 Por Jucineide Cardoso Barreto

LAUDELINO JOÃO DE OLIVEIRA
LÍDER POLÍTICO E COMUNITÁRIO

      
Nasceu em 22 de agosto de 1902, em Imaruí, Santa Catarina. Filho de João de Oliveira e Rosa Poluceno de Oliveira e teve quatro irmãos: Dolário, Ângelo, Joana e Vergulina. Foi um dos fundadores da Banda Musical “Filhos do Oriente” de Taquaraçutuba, Imaruí. Aos 15 anos de idade, a convite do seu padrinho, Senhor Irineu Bittencourt Capanema, foi para a localidade de Forquilha do Rio D’Una, do mesmo município, onde foi trabalhar com o mesmo.  Lá, exerceu a profissão de Tabelião Distrital e foi provedor da Igreja do Senhor Bom Jesus, daquele distrito. No final dos anos 20, mudou-se com seus padrinhos para Sambaqui e instalando forte casa comercial de secos e molhados, bem como criação de gado e plantio de arroz (agropecuária).
 
Estudou na Escola Isolada de Taquaraçutuba, Imaruí, até o 3º ano, tendo como Professor o Senhor José Barreto (Prof. Zequinha). Como dizia o Senhor Laudelino: “Um grande Professor!”

Associado aos negócios do Senhor Irineu Bittencourt Capanema, conhecendo a jovem Maria Lali, filha de Irineu e Otília Vieira Capanema, com quem mais tarde veio contrair núpcias e tiveram três filhos: Enio Mário, Geraldo Helio e Luiz Gonzaga de Oliveira.

Demonstrando ser um grande líder e aptidão política, republicano e mais tarde liderou com entusiasmo o Integralismo de Plínio Salgado, criou uma agremiação em Sambaqui, onde conseguiu muitos adeptos. Com o fim do Integralismo migrou para a UDN – União Democrática Nacional.

No ano de 1944, foi para a Freguesia Sant’Ana de Mirim, quando comprou a casa, que era de propriedade do senhor Aires Soares da Rosa, cita à Rua de Baixo, depois chamada de Rua das Flores e, hoje, Rua Elias de Morais, onde se instalou com a Indústria de Beneficiamento de Arroz.

Homem integro nos seus ideais, continuou a atender a todos, quando solicitado.
Procurado, então pelos senhores Pompílio Pereira Bento, Manoel Américo Barros, Dr. Paulo Carneiro e, mais alguns correligionários do PSD, acompanhados do candidato a prefeito de Laguna, Senhor Alberto Crippa, ao qual deu integral apoio, em troca de benfeitorias para a Freguesia de Mirim.

Indo mais adiante à sua carreira política, elegeu-se vereador no ano de 1945, pelo PSD - Partido Social Democrático- representando Mirim e Araçatuba, com boa margem de votos, tendo total apoio do Senhor Sagi Abrão, grande líder político de Araçatuba e Ibiraquera. Sendo, Laudelino João  o primeiro vereador representando Mirim.

Reivindicações feitas pelo Senhor Laudelino:
- Primeiro Prédio Escolar “Escola Mista Sant’Ana”, que foi inaugurado em 20 de agosto de 1950, com duas salas de aula, denominadas Presidente Eurico Gaspar Dutra e Prefeito Alberto Crippa,

- Ambulatório Distrital, que foi instalado na casa do casal Edevarde e Antonina Laurentino, hoje residência do casal Venino e Nair Laurentino.

Quando foi criado o atendimento Ambulatorial em Mirim, a atendente convidada foi a jovem enfermeira Deli Pamato, de Imbituba, vindo hospedar-se na residência do Senhor Laudelino. A enfermeira Deli Pamato foi a primeira atendente no Ambulatório Distrital de Mirim, onde iniciou em 1949 e, foi substituída pela atendente Antonina Espíndola Laurentino no ano de 1951. Antonina atendeu no Ambulatório até 1958, quando foi transferida para o Posto de Saúde Cônego César Rossi, por ocasião da inauguração do mesmo.  A Senhora Antonina Espíndola Laurentino, a convite do Senhor Laudelino fez curso de enfermagem em Laguna para atender no ambulatório, no Distrito de Mirim

- Início da estrada no Morro do Maquiné,

- Posto Telefônico para Mirim que também, foi instalado na residência de Dona Antonina e, a mesma era a telefonista,

- Estrada para Sambaqui que iniciou próximo a casa do comerciante, Senhor Marfísio,

- Escola no Retiro, Escola Municipal Maria Madalena Soares Brasil. 

Amigo e companheiro de partido do Dr. Paulo Carneiro, ajudou a elegê-lo Prefeito de Laguna, nos idos de 1950. Muito trabalhou também para eleger o Senhor Ivo Silveira ao Governo do Estado.

Homem de grande saber buscava sempre interar seus conhecimentos, nos livros. Gostava muito de conhecimentos gerais. Lia muito a Sagrada Escritura, Padre Vieira, jornais escrito e falado, BBC de Londres, Hora do Brasil. Estava sempre informado dos acontecimentos no Brasil e no Mundo. 

Sempre preocupado pelos menos favorecidos, ajudando-os nas suas necessidades. Em épocas mais difíceis os doentes do Rio D’Una, Sambaqui, Forquilha e Mirim eram socorridos pelo Senhor Laudelino levando-os até o Hospital de Laguna, na maioria das vezes com condução própria, tendo como motoristas seus filhos Enio Mário e Geraldo Hélio.

Foi tesoureiro da Igreja Sant’Ana, de Mirim, por muitos anos. Na sua gestão foram construídas três salas para a Sacristia, reforma geral e pintura da igreja. O pedreiro na construção das salas para sacristia foi o Senhor José Rosa, o Zequinha gaiteiro, e de servente o jovem Aderbal da Rosa, o Deba.Para tal construção foi necessário demolir a antiga sacristia, que era toda de pedra e areia.

Participava intensamente da Festa do Divino Espírito Santo e Sant’Ana como festeiro e membro de Fábrica da Igreja. No ano de 1964, deu como promessa novas roupas para a corte imperial, onde seus netos os gêmeos, Leo e Lea vestiram na festa deste mesmo ano. Essa roupa foi confeccionada pela costureira, Senhora Maria Vieira Rodrigues, Dona Lica, que residia em Imaruí, casada com filho de português, das ilhas dos Açores.  Dona Lica era tia da Dona Maria Lali, mãe de Enio Mário. Essa roupa faz parte do acervo patrimonial da Igreja Sant’Ana de Mirim. A Graça recebida pelo Senhor Laudelino foi a saúde de seu neto Leo que, quando bebê era doente e cumpriria tal promessa ao completarem 7 anos.

Foi membro da Irmandade Nosso Senhor dos Passos, de Imaruí e Imbituba. Grande incentivador e colaborador na construção do Hospital São Camilo de Imbituba.

Mandou construir uma casa e doou para a Senhora Florentina (Florzinha), uma senhora que ajudava a sua família nos afazeres da casa e lavava as roupas da Senhora Otília, na fonte, um riacho, que fica nos fundos do terreno do Senhor Jerônimo Lopes. O Senhor Laudelino chamou o Aderbal (Deba) e disse: Deba quero doar uma casa para a Florzinha e você será o pedreiro. Meio que assustado Aderbal ficou surpreso e com medo de assumir a obra. Mas Laudelino confiou nele. Essa foi a 1ª obra como pedreiro responsável, de Aderbal. A Florzinha juntamente com outras senhoras também ajudava a cozer e remendar as sacas para ensacar o arroz.

Senhor Laudelino fornecia toda a lenha para cerâmica. Numa carta escrita e assinada pelo Doutor Rimsa, endereçada ao Senhor Laudelino João versa sobre data e valor da compra de lenha nos meses de janeiro e fevereiro de 1944. Carta, que está em mãos de Enio Mário, filho de Laudelino João de Oliveira. O fornecimento de lenha à cerâmica estendeu-se até a troca de energia para elétrica. Na oportunidade, a lenha era trazida pelo Rio D’Una em barcos de propriedade do fornecedor, Senhor Laudelino, até o porto de Vila Nova (Porto da Vila).

Laudelino com grande visão futurista estava sempre disposto a colaborar com quem, a ele solicitasse ajuda progressista. Prevendo o desenvolvimento de uma comunidade pela sua localização, no ano de 1958, resolveu instalar no “Campo do Mirim”, hoje Nova Brasília, um posto de combustível. Isso aconteceu na época  da construção de Brasília pelo Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Inclusive a casa que construiu, no trevo de Imaruí, como era chamado, tinha os arcos na área, com o mesmo modelo do Palácio da Alvorada, em Brasília.

Na época que Laudelino resolveu investir no Campo do Mirim residia próximo ao trevo,  João Vargas, Família Flores, João Paulo, Dona Guilhermina Leduino e outras famílias nos arredores. Em 1961 foi definitivamente com a família morar no Campo do Mirim, no Trevo de Imaruí (trevo central de Nova Brasília). Com a construção da BR 101, nos anos 60, mudou o posto de combustível, como também sua residência, para as margens da BR, hoje trevo de Nova Brasília. No final dos anos 80 com a construção da segunda pista, da BR 101, tiveram que fechar o posto de combustível.  Toda construção que ali existia foi demolida.

Por que o nome “Nova Brasília”? O Senhor Alfredo Melo, escrivão do Distrito de Mirim, naquela época, apelidou o pessoal que se mudou para o Campo do Mirim, de Candangos. Os candangos de Brasília.

Foi visitado na sua nova residência pelo candidato ao Governo do Estado, Senhor Celso Ramos, e coordenou na comunidade a sua caminhada eleitoral, na campanha de 1960.

Muito trabalhou também para eleger o Senhor Ivo Silveira, ao governo do estado e, eleito cumpriu com as promessas de campanha feita ao Senhor Laudelino João de Oliveira: Eletrificação Rural e construção de uma escola em Nova Brasília, hoje, E. E. Básica Gracinda Augusta Machado. Os terrenos para a construção da Subestação de Eletrificação Rural e da construção da Escola  foram doados por Laudelino, que muito lutou para que o lugar crescesse, colocando à disposição um trator de sua empresa para que as obras fossem iniciadas.

Não satisfeito, ainda preocupado com a situação das lavadeiras de Mirim e Nova Brasília, conseguiu com o Senhor Moacir Orige, Prefeito Municipal de Imbituba, que ajudou a elegê-lo, caminhões para transportá-las até o Centro de Imbituba.

As visitas ilustres eram constantes. O Governador do Estado, Doutor Colombo Machado Sales, de quem era muito amigo, em visita na sua residência, falou: Laudelino só tu não foi me fazer uma visita no palácio. Por quê? Nada desejas? Laudelino Respondeu: Tenho um pedido a fazer, mas acho quase impossível, uma vez que o Senhor está no final de seu mandato. É a rede de energia elétrica para a comunidade do Areal que é perto e não dispõe de energia elétrica. E, dentro de poucos dias lá estavam os topógrafos e os trabalhos de eletrificação eram concretizados. Doutor Colombo Machado Sales era Engenheiro de Rios, Portos e Canais, de Laguna que, a convite do Senhor Laudelino, vez por outra, corriam o Rio D’Una e Araçatuba para a dragagem dos mesmos. Onde se tornaram amigos.

Mesmo doente, nunca deixou de ajudar os menos favorecidos, coisa que gostava de fazer no anonimato. Já bastante debilitado, quando seu filho Enio Mário chegava perto do leito fazia a pergunta: Como está o povo? Olhe pelo povo. Faleceu aos 79 anos de idade, no dia 18 de Dezembro de 1981.

Seu ideal:  “UM PAIS MAIS JUSTO E SOCIALISTA”.


A menina Lali com seus pais

Avós maternos de Maria Lali

Casa adquirida por Laudelino, hoje, residência de seu filho Enio Mário

Laudelino com seus netos gêmeos, Lea e Leo na festa em 1964

Os noivos Maria Lali e Laudelino

Os noivos Lali e Laudelino, com familiares e amigos

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